domingo, 22 de abril de 2012
A Decadência da SRC - Haverá futuro?
O povo português tradicionalmente sempre encarou o associativismo e funcionamento de um qualquer clube ou associação de uma maneira muito pouco participativa, especialmente o associativismo amador e de interior, provinciano e bairrista.
Eu arrisco-me até a pensar que muitos aplicam a famosa ideia que quem vive nas cidades é que é inteligente e os restantes não o são, mas isso são contas de outro rosário talvez para um próximo postal. Continuando, elegem-se uns “sacrificados” que, ao que tudo indica, amam a causa em questão, sempre com grande apoio inicial, geralmente unânime, e depois eles que façam o que quiserem. Uma lista de direcção de uma qualquer colectividade não pode, não devia, formar-se em “cima do joelho”, com a maioria dos elementos apenas para fazer número, o problema primário começa aqui.
O problema secundário vem depois passados alguns meses, o estado de graça passa e se as coisas não são feitas ao nosso gosto restrito e particular, começam as criticas, primeiro disfarçadas e depois rapidamente evoluindo para as mais descaradas ou inconvenientes.
Tudo isto até novas eleições para depois entregar o poder aos mesmos ou parecidos e recomeçar o ciclo.
É esta a maneira de quem não gosta de assumir responsabilidades e criticar quem tem coragem de o fazer.
Em Colos temos a Sociedade Recreativa Colense (SRC), e tudo isto de aplica, e até podia servir de desculpa ou explicação, mas no caso da SRC a coisa, na minha opinião, é mais grave!
Uma colectividade do género da SRC é dos sócios, todos os outros serão, deveriam ser, considerados forasteiros ou não sócios, e a SRC deve viver dos sócios e para os sócios, nunca contra os sócios, e não devendo nem esquecendo que existe uma coisa que se chama estatutos e que deviam ser seguidos como forma máxima de regulamento interno e forma de funcionamento.
Neste momento a SRC vive mais dos não sócios do que dos sócios efectivos, vive de grupinhos e serve propósitos muito desviados da sua vocação recreativa, desportiva e cultural, sempre, repito, para os sócios, depois sim, vem a restante população e forasteiros.
Chega ao ponto de muitos sócios, antigos e menos antigos, se gabarem não pagarem cotas, como se isso fosse motivo de orgulho, ou chegarem ao ponto de afirmarem que não colocam lá os pés, na sede da SRC, vai para tantos anos, 10, 20, os que sejam, ora isto é uma vergonha e deveria fazer pensar os responsáveis, não como forma imediata de resolução, isso é impossível, mas como tema de agenda de todas as direcções, sejam elas quais forem.
Por exemplo, os critérios de entrada de novos sócios, quais são? Como são tomadas as decisões de aceitação? Toda a gente sabe que existe uma proposta de sócio que é afixada publicamente na vitrina durante um determinado período de tempo e no fim a pessoa é aceite como sócio efectivo.
Neste processo não existe nada que faça pensar os responsáveis? Ou até mesmo os restantes sócios? Aceita-se tudo, é do tipo “o que vier à rede é peixe”, brancos, pretos, estrangeiros, velhos, novos, mestiços, forasteiros, foras da lei, presidiários, etc, etc, etc.., tudo serve para fazer número nos cadernos de sócios, mesmo que depois as cotas fiquem por pagar mas as pessoas fiquem com o estatuto de sócios. Já só falta aceitarem cães e gatos e restantes animais.
Os sócios tradicionalmente frequentadores e participativos da vida da colectividade são e continuam a ser sistemática e progressivamente “afastados” não porque alguém os mande embora, mas porque o fosse de gerações é visível e o ambiente deixa de ser o ideal para que todos se sintam bem e possam conviver.
Assim o divórcio entre sócios e colectividade é real, não é fantasia, e para quem gosta de exercícios temporais e não tem memória curta, como a maioria, basta ver o actual funcionamento da actual SRC e fazer uma comparação com um passado mais ou menos recente ou até mais afastado.
À cerca de dez ou quinze anos atrás ainda era possível ver varias gerações de sócios frequentadores da colectividade na conversa, a jogar cartas, damas, bilhar ou simplesmente a beber alguma coisa, convivendo numa harmonia geracional que apenas a SRC promovia e que era quase um exclusivo, porque tratando-se de um clube privado, dos sócios, todos tinham a sensação de ali pertencerem de alguma forma, aquilo era efectivamente de todos, coisa que no presente desapareceu por completo. Acabou a mística, sim, a SRC tinha mística, sempre teve desde que me lembro, era eu gaiato e por exemplo os dias de projecção de filmes de cinema na parede de fundo da sala principal eram dias mágicos, geralmente uma vez por mês o projeccionista ambulante passava por Colos e a SRC era a sala de projecção.
Podíamos finalmente entrar na SRC, à noite, e ver um filme de verdade, e beber um Sumol no intervalo, e no fim íamos para casa e sonhávamos com mil aventuras de karaté ou cowboys.
Nos fins de semana, tínhamos o futebol, distrital, claro, porque essa coisa da Inatel era para os outros, e novamente a magia voltava, em casa ou fora a equipa do Colos era sempre competitiva, sempre aguerrida, sempre temida, suava a camisola e deixava tudo em campo, mesmo que os jogadores fossem de Sines ou lá de onde fossem, eram os tempos em que os homens ainda os tinham no sitio e jogava-se pelo amor à camisola mais do que tudo.
Eram as deslocações por esse Alentejo, com a equipa, em autocarros e excursões, pois por esses tempos realidade actual de um automóvel por pessoa era uma fantasia.
Era a mística sim senhor, a SRC servia de transição e escola de homens, transição da adolescência para a idade adulta, para a primeira cerveja, a primeira bebedeira, muitas vezes o primeiro beijo num qualquer baile.
Um dos problemas hoje em dia é a transição cada vez mais tardia para a idade adulta, sendo a maioria homens-moços com pouca ou nenhuma responsabilidade, alargando assim o fosso abismal entre gerações e contribuindo para o actual estado de coisas.
Os jovens de hoje, em Colos, ao contrário de antes, é vê-los passar na rua sem entrar, pouco ou nada têm para fazer na SRC, não existe oferta de actividades para os mais jovens, a SRC passou a funcionar apenas como mais um café, para não dizer uma tasca, e nem é dos melhores, até para o simples forasteiro que aparece e entra custa a perceber o que é aquela casa, é um café, mas ao mesmo tempo parece que já foi outra coisa, enfim, deixa lá beber a cervejita que até é mais barata aqui e o resto não importa.
Camaradas, forasteiros só deveriam ter entrada na companhia de sócios e nunca sozinhos e muito menos em frequências continuadas e fazer sala sempre que lhes apetece.
Costuma-se dizer que tudo o que nasce, cresce e desenvolve-se, como uma árvore por exemplo, e floresce ao longo de anos, décadas ou séculos, sempre a crescer, pelo contrario tudo o que não cresce, diminui, estagna e morre, a SRC não foge à regra, já foi melhor, já foi maior, necessita de ser refundada, na forma, no pensar, na atitude, necessita de ideias, pensamentos, actividades.
Existe espaço para crescer fisicamente, a sede necessita de ser ampliada, neste momento somos uma das colectividades mais antigas do concelho mas na mesma proporção somos das mais mal equipadas em termos de infra-estruturas.
A actual crise não pode servir de desculpa para a imobilidade, existem formas de angariar fundos, assim hajam objectivos concretos.
Nunca foi realmente discutido com os sócios o tema de ampliação da sede, ou da realização de uma nova sede, eventualmente, existiram algumas ideias, existiu até um projecto concreto mas megalómano e recentemente um projecto modesto mas realista com fim a aproveitar o espaço do quintal, concorreu-se ao Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Odemira (CMO), mas o projecto não se enquadrava nas regras, e logo se baixou os braços e abandonou-se a ideia, ora assim não, nunca se pode baixar os braços, nunca se pode desistir de lutar, as ideias são possíveis e realizáveis, haja vontade.
O campo de futebol deveria ser outro cavalo de batalha, a SRC não possui um campo de jogos, mais, Colos não possui, neste momento um campo de jogos digno desse nome, é uma vergonha se pensarmos que até o Campo Redondo já possui essa valência, bem, já só falta a SRC ter de ir jogar no Campo Redondo em campo emprestado, era a derradeira vergonha!
Contactos reais para resolver o problema existiram no passado, em meados de 1997 tentou-se comprar o actual terreno do campo de jogos, mas a falta de verbas e intransigência do proprietário impossibilitaram a resolução do problema.
Dessa época até hoje nada foi feito para colmatar a degradação do campo de jogos e balneários, a CMO prometeu um novo campo nos terrenos adquiridos para a Escola Básica Integrada, mas mais uma vez não passaram de promessas eleitorais, neste momento a ideia de construção de um novo campo de futebol é quase uma miragem, dizem os responsáveis camarários que os projectos dessa natureza chegam aos 400.000 euros, e que é impossível de realizar actualmente por evidente falta de verbas. Ficamos a perder, mais uma vez.
A solução será mesmo a aquisição do actual campo de jogos e a realização de uns novos balneários, penso eu que seria a ideia ideal e executável.
Não obstante o futebol será sempre um desporto rei, e devia ser sempre acarinhado e desenvolvido desde as mais tenras idades, por forma a ter equipas de formação e equipas de competição a um nível mediano no futuro.
O futebol actual, na Inatel, é uma vergonha, diga-se de passagem, e a equipa da SRC este ano esta a anos luz das magnificas equipas das décadas de 80 ou até mesmo de algumas equipas de há bem poucos anos atrás, atrevo-me a dizer que esta será a pior época de sempre da SRC no futebol, envergonhando as mais gloriosas equipas que já envergaram esta camisola no passado, apenas o facto de terem “descansado” alguns anos desculpa de alguma forma a vergonhosa falta de resultados e o ultimo lugar na tabela classificativa, mas têm um mérito, utilizam a “prata da casa”, jogadores de Colos, da terra, e esse deve ser o espírito sempre, primeiro nós, sempre.
Outras modalidades deveriam ser acarinhadas e desenvolvidas, desportivas e recreativas, estou a lembrar-me do atletismo, do futsal, do tiro ao alvo, bilhar, setas, cartas, etc, etc, como forma de oferta ao sócios, de cultura e ocupação de tempos livres, ao fim ao cabo a verdadeira origem e vocação da SRC.
Ultimamente outras questões de têm levantado, parece que todos os dias existe alguma coisa nova a relatar na SRC, sempre para pior, porque melhoras não dão sinais de existirem, é assim como uma antevisão do governo central, que apenas sabe dar noticias e comunicados ruins, de novo nada de bom.
Há dias uma altercação dentro das instalações ao que parece fez andar tudo numa roda viva, uns a cavalo noutros sem se saber bem quem tem razão ou não, o que até era o que menos interessava, o problema é a forma crescente como estas situações vêem sendo tratadas pelos órgãos directivos.
Por qualquer situação já uns quantos membros dos grupelhos do costume caem em cima do suposto meliante e o agarram de forma agressiva sem mais demoras ou previas conversas.
O mais grave depois é que se castiga os supostos prevaricadores e os outros ficam incólumes, como se nada fosse.
Existe uma coisa que se chama estatutos e são o regulamento interno da SRC, e se alguns dos senhores membros da direcção e restantes sócios nunca os leram, aconselho uma leitura para ficarem bem elucidados de que a SRC não é um qualquer café de esquina, e todos os actos têm consequências, todos os sócios têm deveres e regalias.
Culpados são também a direcção, esta e as anteriores, por cada sócio novo devia haver mais critérios de escolha e mais selecção, e por todos aceites deveria ser entregue uma cópia dos estatutos, evitava algumas coisas ou deixavam de ter desculpa outras.
É caricato, para não dizer pior, que o presidente da colectividade, envolvido em cenas de pugilato dentro das instalações, venha depois aparecer com uns castigo para ele próprio quando os estatutos dizem isto:
art.º 28 dos estatutos da SRC : " Só a assembleia geral tem poderes para aplicar sanções a membros dos corpos sócias … "
Depois diz o art. 35 , nº 1 alínea a : " Perdem o mandato os membros dos corpos gerentes que abandonem o lugar , peçam a demissão ou aqueles a quem forem aplicadas as seguintes sanções : a) Suspensão até três meses "
Perante isto a actual direcção não tem condições para continuar em funções e se tivessem juízo e vergonha já se tinham demitido.
Outra questão, no mínimo esquisita, dentro da SRC, é o aparecimento a esta parte de vários cornos pendurados nos mais variados sítios do interior da sede da colectividade.
Ora considerando eu ser talvez uma falta de respeito para alguns dos sócios frequentadores, entendam eles como quiserem, e como não sou pessoa de deixar as coisas a meio, proponho a compra da colecção do presidente da Associação dos Homens Mal Amados do Ceará, Brasil José Adauto Caetano, 63 anos, decidiu vender a sua colecção de chifres. «São 70 peças e acompanham três mil livrinhos sobre todos os tipos de corno. Tem troféu de chifre e cabide de chifre», enumera, citado pelo portal de notícias..
O coleccionador de cornos só vende a colecção na íntegra e não está interessado em compradores para peças individuais. Está a pedir cerca de 6230 euros por toda a colecção.
«A primeira e única colecção de chifres do mundo é a minha», relembra com orgulho, acrescentando que resolveu vender porque «dá muito trabalho a limpar».
«Se for para um corno, melhor ainda, porque já faz parte da família», sublinhou.
Associação dos Homens Mal Amados do Ceará foi criada para lutar contra a agressão às mulheres. Tem 10 mil associados, orgulhosos da condição. José Adauto Caetano é um deles: «Não tenho como deixar de ser corno nunca».
Senhores responsáveis pelos ditos enfeites, o que estão a esperar para agarrar tão feliz oportunidade de fazer crescer a colecção já de si tão exuberante para quem visita a nossa sede
Viva a Sociedade Recreativa Colense
