Realizou-se no passado dia 13 de Novembro a 3ª edição do Passeio todo o terreno conhecido por Colos TT.
Mais uma vez organizado pela SRC (Sociedade Recreativa Colense) a edição de 2011 esteve longe do sucesso alcançado nas edições anteriores.
Dentro da minha opinião estritamente pessoal e na condição única de participante no passeio, e mesmo correndo o risco de ser mal interpretado (eu, normalmente, sou sempre mal interpretado), vou tentar fazer aqui um rescaldo do passeio e explicar, repito, na minha opinião, o que correu mal e podia ter corrido melhor:
Planeamento e execução:
Começo pelo antes, ou seja, o pensamento e planeamento do passeio não existiu, ou se existiu foi mal planeado e mal pensado. Cada edição deve ser pensada e planeada com alguns meses de antecedência, o percurso deve ser planeado e posteriormente estudado, com verificações e passagens no terreno, ao vivo, não basta apenas fazer um percurso virtual no Google Earth, anuncia-lo no facebook e discuti-lo ao balcão da Sociedade entre uma cerveja e outra, assim só a coisa não funciona, os computadores e a tecnologia ajudam bastante hoje em dia, são ferramentas importantes, mas não se podem sobrepor à realização efectiva das coisas.
Nas edições anteriores os percursos escolhidos e pensados, e as devidas alternativas, começaram a ser vistos e revistos cerca de mês e meio antes da data do passeio, quer de mota quer de jipe, para decidir o percurso final e para evitar problemas de última hora.
Este ano nada disso foi feito, ao que parece o percurso não foi revisto e depois o ter percorrido no passeio a sensação que dá é que foi sendo escolhido na mesma altura das marcações, sem qualquer planeamento e ao sabor do vento e da cabeça de cada um, sendo inexplicáveis algumas voltas e voltinhas sem nexo nem sentido, alguns estradões muito percorridos por transito local que, para além de serem perigosos, eram também um inferno de pó.
Cartazes e propaganda:
Os cartazes de divulgação do passeio servem, ou deveriam servir, dois propósitos: divulgar o passeio e angariar verbas extras com a venda de publicidade.
A divulgação, essa ficou muito comprometida pelo facto de os cartazes apenas terem ficado prontos e entregues cerca de cinco dias antes da realização do evento, impossibilitando qualquer divulgação mais aprofundada e abrangente e condicionando até a adesão de mais participantes.
Como é óbvio a publicidade fica altamente comprometida com este facto, os cartazes não foram espalhados com o devido tempo e com uma abrangência muito limitada, defraudando assim todas as pessoas e casas comerciais que tinham comprado espaço de publicidade nos cartazes.
Já nos anos anteriores esta questão dos cartazes foi um problema persistente, sempre chegaram atrasados e a más horas, não compreendendo eu ainda bem onde está o problema, mas dá que pensar!
Percurso e extensão:
Sendo um passeio conhecido nas edições anteriores, entre outras coisas, pela extensão do seu percurso, cerca de 120 quilómetros, do agrado de todos e muito superior aos passeiozinhos que por ai existem, um dos maiores problemas deste ano foi a redução da extensão no percurso, segundo a organização o percurso teve de ser reduzido em 30Km devido à proibição de passagem na zona da Ribeira do Torgal, e com isso impossibilitando a ida a Odemira, e a informação apenas foi comunicada à SRC quinta feira dia 10 de Novembro, três dias antes da data do passeio, até aqui tudo bem, sendo este um passeio legalizado e devidamente autorizado por todas as autoridades competentes, é normal que surjam problemas deste tipo em zonas ambientalmente sensíveis, o que já não foi normal é a completa imobilidade da organização para lidar com o problema e encontrar soluções alternativas para compensar os quilómetros perdidos, o que na minha opinião tinha sido simples de resolver se as alternativas estivessem devidamente estudadas.
Os percursos pensados devem ter sempre alternativas e complementos, apêndices importantes para qualquer eventualidade como a que se verificou e que amputou 30Km ao percurso original do passeio.
Com isto o passeio principiou pelas 10 horas e acabou pelas 13 horas, com uma imobilização para reforço nos Ameixiais onde a paragem durou cerca de 1:30 horas, contas feitas o real tempo a andar foi reduzidíssimo como se pode facilmente calcular.
O resultado disto tudo foi um descontentamento geral entre os participantes das motos e quads, o que se compreende quando existem pessoas que vêem de Lisboa ou Portimão, por exemplo, na expectativa de fazerem um passeio de grande extensão e depois verificam que afinal vieram para uma “voltinha”.
Podem perguntar: Mas afinal qual é a grande diferença disto tudo em relação ao ano passado?
Eu explico: Nas edições anteriores o tempo foi mais preenchido, a sensação de um dia passado no passeio era mais efectiva, porque? Porque o passeio iniciava mais cedo e terminava mais tarde, tinha duas fases distintas, várias paragens para reagrupamento pelo meio e duas paragens efectivas, Odemira e Ameixiais, de forma a chegar a Colos sempre a meio da tarde dando uma plena satisfação a todos os concorrentes, na edição deste ano não houve paragens para reagrupamento e a única paragem, nos Ameixiais, foi insuficiente para ocupar o tempo.
Não se compreende porque é que não se percorreram mais trilhos na zona da Sra. das Neves, por exemplo, dentro da freguesia e local de excelência para a prática do TT e onde se poderiam ter ido buscar, pelo menos, metade dos quilómetros perdidos antes, o dia de marcações deveria ter servido para isto tudo, mas nota-se bem que a execução e escolha do percurso este ano foi efectuada “em cima do joelho”.
O alto das neves deveria também ter servido para efectuar uma paragem e mostrar uma das melhores paisagens da freguesia e do concelho, aproveitando para reagrupar e preencher tempo.
Abastecimentos:
Outro dos problemas em não ir a Odemira era o reabastecimento de combustível, mas afinal esse era apenas um problema fictício, a totalidade do percurso não exigia, para a maior parte das motas, um depósito bastava, afinal o passeio resumiu-se a uma “voltinha”, mas antes ninguém sabia disso sem ser a organização, e por isso a informação que foi passada a todos era que cada concorrente tinha de enviar gasolina extra num dos carros da organização para assim assegurarem o reabastecimento das suas motas.
Ora isto é um absurdo, para alem de nem ser necessário para a maioria das motas, como eu já referi, a informação foi apenas divulgada na hora das inscrições, lançando o pânico entre alguns participantes que foram apanhados completamente desprevenidos. Mais uma situação evitável que tinha sido também resolvida com a manutenção da totalidade da extensão inicial do passeio.
Tudo isto deu um mau aspecto de amadorismo e má organização que deveria e podia ser simplesmente evitado.
Preço e ofertas:
Mas as surpresas não se ficaram por aqui, desenganem-se aqueles que pensam que estas são apenas excepções e azares que confirmam a regra, não, a organização deste ano resolveu ir mais longe ao oferecer menos por mais, ou seja, ao invés das outras duas edições onde as inscrições sempre tiveram um custo de 15,00 euros, este ano a novidade foi a de aumentar para 20,00 euros.
Esta é mais uma medida importante e gravosa e uma machadada no bom nome do passeio, porque mexe na carteira dos participantes.
Um exemplo: a mim que sou da terra o passeio ficou-me num custo total de quarenta euros, sendo vinte euros para a inscrição, e mais vinte euros para gasolina, e destes vinte, dez euros foram desnecessários, porque um depósito apenas dava para fazer a “voltinha”.
Imagine-se agora alguém que vem de longe, como os participantes que vieram de Lisboa ou do Algarve, o sentimento final foi de muita frustração.
O problema em si não é o valor em causa, mas sim o que é oferecido e proporcionado por esse valor ao participante, vinte euros não teria sido um valor elevado se o pacote oferecido tivesse sido idêntico ás edições anteriores, temos de reconhecer que vinte euros por uma “voltinha” de 70Km, uma T-Shirt e alguma coisa para comer é um preço considerado elevado para a maioria, a manutenção do anterior valor de 15,00 euros teria sido a medida mais acertada.
Até os autocolantes com os números de cada concorrente foram suprimidos este ano, e para quem pensa que os autocolantes servem unicamente para colar nas viaturas, motas e jipes, desenganem-se de novo, existe muita gente que os colecciona e o pessoal dos jipes gosta de os colocar e manter nos jipes muito para além dos passeios, sendo a prova e recordação dos percursos efectuados e de dias bem passados.
O passeio dos Jipes:
Quanto aos Jipes pouco tenho a dizer, sempre pensei que os Jipes não deveriam fazer parte do passeio, não tenho nada contra os Jipes, pelo contrário, mas penso e defendo que são coisas diferentes, ou se faz um passeio para motas ou se faz um passeio para Jipes, ou então faz-se dois passeios simultâneos mas separados, porque esta ideia de fazer o percurso igual para Jipes e Motos esta provado que está errada e longe de dar bons frutos.
Juntar Jipes e Motos no mesmo passeio e em percurso igual é errado.
Conclusão:
A sensação que deu, para quem conhece a organização e funcionamento da SRC com esta actual direcção, foi que o passeio era para despachar e andar, porque de tarde, pelas 15:00 horas, tinham o compromisso de um jogo de futebol do campeonato a realizar em Luzianes-Gare.
Compreendo o problema, mas devidamente organizadas as coisas, e com um bocadinho de boa vontade e sacrifício, a SRC tinha, ou devia ter, pessoal para conseguir leva a cabo os dois compromissos sem problemas de maior.
O passeio de Colos, embora conte apenas com três edições, tomou uma grande notoriedade e fama da primeira para a segunda edição, e a segunda edição confirmou tudo o que os participantes esperavam, enquanto este ano as expectativas criadas defraudaram tudo e todos, transformando esta edição num vulgar passeiozinho igual a tantos que por ai proliferam, desperdiçando assim a organização uma oportunidade para cimentar a fama e excelência que este passeio tinha adquirido em apenas dois anos, ao ponto de ser apelidado como um dos melhores passeios a sul do Tejo.
Espero muito sinceramente que não tenham prejudicado irreparavelmente as futuras edições do passeio, e que entendam as minhas criticas como criticas construtivas, para que no próximo ano o passeio volte a ter o encanto e mística alcançadas nas edições anteriores e que tanta gente trouxe à nossa terra.
Pela minha parte, estou completamente à vontade para falar e escrever, fiz com muito orgulho parte da organização das anteriores edições, sempre com bons resultados, e a opção de não fazer parte da organização este ano foi inteiramente minha, penso que depois de dois bons anos de lançamento e desenvolvimento da ideia de passeio TT em Colos, e porque não sou dono de nada nem tão pouco gosto ou quero sobrepor-me à direcção da SRC, cabe a outros tomar a responsabilidade e a acção, desenvolver ideias próprias, fazer acontecer, mas tentando sempre que aconteça melhor, com mais qualidade e mais excelência, coisa que este ano não, manifestamente, não aconteceu.
Até para o próximo ano no Colos TT 2012
