Olhando a minha terra, a juventude e as novas gerações, não vislumbro qualquer esperança no futuro. Em comparação com o passado, tudo está radicalmente diferente, para pior, por exemplo, antes da malfadada revolução dos cravos, os jovens do Estado Novo tinham objectivos concretos na vida, que eram, fundamentalmente, a procura da sua independência, que se queria cedo, através duma profissão remunerada que lhe permitisse constituir família o mais depressa possível e o mais cedo possível.
Não tinham dinheiro e sabiam que na vida, teriam que vencer pelo esforço e pelo trabalho e que a falta do esforço e do trabalho tinha, normalmente, consequenciais penosas.
A primeira perturbação deste universo foi provocada por uma crise dos valores tradicionais que a revolução de Abril destruiu e subverteu em libertinagem e falsa liberdade.
Os pais de família novos-ricos começam por não acreditar na família. A crise familiar é um mau exemplo que vem de cima, e dentro da maneira como se vivem as relações familiares actualmente, não é possível exigir da juventude que acredite nela como exemplo a seguir.
Mas não só: as actuais famílias apenas acreditam na ditadura do dinheiro, é a cultura do materialismo, e demitiram-se do resto, educação tradicional, valores, história, heranças, etc…
As pedagogias modernas insurgem-se contra os castigos aplicados ás más acções como forma de sanção disciplinar e os jovens têm consciência de que, pelo menos no seu universo familiar as acções são inconsequentes. As forças espirituais por sua vez, falam do pecado com muito pouca convicção e acabaram por criar muito mais situações de interrogação e de dúvida, do que de fé, de esperança e de confiança.
Eu não digo que eram boas todas as formas em que se vivia, mas digo que com a sua destruição era necessário substitui-las por outras iguais ou melhores.
Foi isso que não se verificou, se os esquemas de educação eram “repressivos” deveriam ter substituídos por outros que dessem aos jovens autonomia, independência e confiança em si próprios, o que se obteria em clima de maior rigor politico e de autoridade de estado que iria criar exigência e excelência.
A juventude moderna vive com demasiadas facilidades, os pais compram, com dinheiro e presentes, o afecto dos filhos que vêem fugir-lhes. Temos assim dois cenários: por um lado juventude beneficiada que passou a viver com o dinheiro que sobra dos bolsos de uma franja da sociedade que tem mais do que o necessário para as suas necessidades, e por outro lado uma imensidão de jovens oriundos de famílias carenciadas das grandes periferias das cidades que fazem da marginalidade forma de vida, roubando, matando e violando, infelizmente essa realidade vai, pouco a pouco, também chegando à província onde me encontro e destruindo os últimos redutos de tranquilidade campestre.
Uma facilidade que passou do dinheiro para os próprios comportamentos e que se pode notar pela diferença que vai entre uma juventude que se via lutar pela vida em qualquer trabalho, porque todos os trabalhos são honrados, para uma juventude que apenas se preocupa em viver excessivamente depressa e em completa desordem mental e física.
Estou convencido que a actual crise da juventude vem fatalmente da insegurança e falsas expectativas que se lhe criou e que esses factores, - a insegurança afectiva, ideológica, espiritual e morais, principalmente moral – que ela disfarça na dispersão em que anda e nas agressões que manifesta vem exactamente do amor que lhes falta, e que muitas vezes não receberam e que por isso não aprenderam a dar, e da confiança que perderam em quem lhes devia dar o exemplo – Os pais, filhos da revolução de Abril que tudo corrompeu com as falsas ideologias e promessas de liberdade utópicas.
Não cabe aos governos obrigar os pais e os educadores a darem os bons exemplos, nem os governos são as entidades mais indicadas para criar motivações, valores e relações entre as pessoas, que possam dar á juventude a confiança nos outros que lhe é necessária para crescer e criar novas gerações de Portugueses capazes de manter a tradição e valores únicos de uma Pátria com 860 anos de história.
Os governos podem e devem criar e assegurar as instituições de ensino, para os que quiserem aprender a valorizar-se e a valorizar Portugal.
Podem e devem criar instituições de cultura popular, de desporto, de ocupação de tempos livres, para os que delas quiserem beneficiar para dar à vida um sentido e uma razão.
Podem e devem assegurar a ordem pública, e sempre que ela for perturbada pela juventude ou seja por quem for agir sempre com o objectivo máximo de educar e disciplinar. E poderiam, se isso fosse solução, submeter a juventude à disciplina do que se chama a “caserna jovem nacional”, onde os problemas da juventude se não põem, porque uma ordem nacional implacável não o permitiria.