Não haverá muito a dizer sobre a edição deste ano, na verdade não houve nenhuma novidade digna de registo, e só isso já é mau o bastante, mas para pior antes assim porque até houve evolução, na continuidade, é certo, mas evolução é sempre evolução.
Podia realmente fazer este postal com um sentido critico e certamente haverá sempre coisas a criticar, dizer mal é simples, fazer, realizar, tornar possível, é mais complicado, o problema, quanto a mim é fazer bem feito, de forma a evitar a maior quantidade de erros possíveis, atraindo público e visitantes com variedades e diversões, actividades e coisas novas, e na realidade isso não aconteceu, novamente, ao que tudo indica a Associação Colos XXI, que é a entidade que tomou as rédeas da organização do evento, apoiada e apoiando-se na Junta de Freguesia de Colos, voltou a descurar a parte recreativa/musical, e no que a variedades diz respeito a feira voltou a ser muito pobre para um acontecimento que, ao ser recente neste formato, quer-se a crescer saudável e sustentada.
A Feira esteve muito igual ás anteriores edições, para melhor, tenho de admitir, maior organização, por exemplo, ao nível dos bares, diferentes no seu formato, para melhor, com a construção, por parte da Junta de Freguesia, que mais uma vez forneceu toda a logística, de um telheiro igual de ponta a ponta, com todos os bares iguais no seu formato e tamanho e cobertos igualmente de ponta a ponta com rede de sombra, evitando assim a confusão do ano passado, com o pessoal dos diversos bares a estender e colocar o que tinham à mão para evitar o terrível sol e calor de S.João, mais parecendo a feira dos tendeiros que outra coisa.
O calor, registe-se, que sempre faz a habitual visita por ocasião da feira, ainda me recordo das edições na saudosa Eira da Lagoa, onde até o alcatrão da estrada derretia no dia da feira, outros tempos, outras histórias….
O formato este ano já incorporava o facto de a Feira ter sido passada para o ultimo final de semana de Junho, na minha opinião muito bem, ignorando o dia de S.João que este ano calhava a uma Segunda-Feira.
Assim a feira, com 3 dias oficiais, passa a realizar-se sempre num final de semana, seguindo assim a tendência crescente das feiras e festas vizinhas que há muito começaram a escolher os finais de semana para realizarem os eventos, e mesmo que na pratica tenham sido apenas dois dias de feira, pois a Sexta Feira foi ainda preenchido quase na integra para montagem e organização dos diferentes bares e pavilhões, o que importava mesmo era o Sábado e Domingo.
Começando pelos bares, e como já referi, estavam francamente melhores e mais bem elaborados, com balcões desmontáveis fornecidos pela marca de cerveja da Feira, a Sagres. Sem dúvida uma grande evolução em relação ás anteriores edições e que dava um aspecto mais certinho e profissional a cada bar, formando uma linha recta de ponta a ponta, com estrados também, entre os diferentes bares e que este ano eram cinco distribuídos por diferentes organizações, clubes e até um café local. Assim, tínhamos a Sociedade Recreativa Colense, O Café Restaurante o Periquito, o Clube de caçadores “Os Fixes” de Colos, a Cruz Vermelha e a Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Colos.
A comida este ano foi colocada em plano de destaque, talvez pelo embaraço que foi as anteriores edições onde a comida foi deixada para segundo plano dando primazia ás cervejas. Este ano foi “à fartazana”, como dizemos aqui pelo meu Alentejo. Desde os petiscos, como a orelha de porco assada com coentros, cachola frita com azeite salsa, mistas na telha , frangos assados, tostas, etc….. havia de tudo um pouco para todos os gostos, e até houve bares que faziam questão de vez em quando oferecer um prato com alguma coisa para puxar o cliente pela cerveja…..no Alentejo é assim, em Colos ainda melhor.
Em relação ás bebidas, também houve uma melhoria, para além da já eterna e tradicional cerveja, todos os bares tinham bebidas não alcoólicas à disposição dos visitantes, podendo-se pedir o Sprite ou a Cola entre os (poucos) que não bebiam álcool (eu próprio incluído), e claro muita água porque o calor apertava.
A tenda da exposição e venda de produtos regionais e artesanato, este ano ainda maior (tem vindo a crescer todos os anos), também estava bem composta, havendo apenas dois módulos vazios. Aqui havia um pouco de tudo, desde artesanato até produtos regionais, enchidos, presuntos,etc… tudo se podia apreciar e até comprar.
De destacar o pavilhão da Sociedade Recreativa Colense, que exibia uma parte do seu espólio, mostrando um pouco de todas as actividades desenvolvidas e apoiadas ao longo dos anos por esta colectividade quase centenária. Assim podíamos ver fotos de diferentes equipas de futebol através dos tempos, um manequim exibindo um equipamento actual da equipa de futebol, um livro de balancetes de contabilidade dos anos 50 do século passado, passando por fotos dos sócios fundadores, equipas de ciclismo em 1958, diplomas e alguns troféus conquistados ao longo de muitos anos de apoio e desenvolvimento do desporto na nossa terra.
A parte dedicada aos animais continuou a ser igual ás anteriores edições, sem nada de novo a assinalar, sem novidades e, pelo que pude constatar, com pouca afluência de público, embora seja sempre engraçado, bonito e curioso ver exposto as diversas cabras, ovelhas, vacas, bois, cavalos, bodes e porcos pretos da região.
Um restaurante da Escola Profissional de Odemira marcou presença, assim como uma versão mais fina para quem queria comer mais requintadamente e sem tanta confusão, mas foi um fiasco, contam-se pelos dedos de uma mão as refeições servidas ao longo dos três dias de feira, provando-se assim que o público que frequenta e visita este tipo de acontecimentos prefere nitidamente a confusão dos bares e tasquinhas ao requinte de um restaurante.
Ocuparam um espaço privilegiado que poderia ter sido utilizado para outra qualquer outra coisa ou actividade.
E chegamos à parte que eu mais critico, as variedades: Segundo a organização, e passo a citar: “esta é uma feira rural, não é um festival de música e não se deve perder a ruralidade da feira”, ora na minha modesta opinião uma coisa nada tem a ver com a outra, e nem mesmo outro exemplo dado por um membro da organização, que por exemplo a Ovibeja se transformou na Ovicopos, para mim serve de exemplo a nada, dado que este formato, e o anterior também, da feira de S.João, sempre foi muito dado à copofonia, e o pessoal que frequenta, visita e permanece neste tipo de feiras, dando a animação e colorido à festa, são os que gostam de beber as suas cervejitas.
Na noite de sexta feira, e depois de se saltar a fogueira de S.João, a banda 21st Century, uma banda de rock local, de miúdos, fez o que pode para animar a malta, e tocaram cerca de hora e meia, entretendo tudo e todos com temas originais e algumas covers de bandas nacionais conhecidas, mas a partir dai nada mais, a seguir o acordeonista contratado, um tal de Paulo das Vacas e Mário Neves não mais conseguiram “fazer mexer” ninguém e rapidamente o recinto ficou deserto, para além disso demonstrou arrogância e má educação.
Eu francamente não percebo como se pode contratar um acordeonista para tocar a seguir a uma banda de rock, como se isso fosse uma coisa normal e segurasse o público, a única explicação que encontro será o nome do artista (Paulo das Vacas), que assim mantém a ruralidade da feira, até no nome do artista.
O segundo dia, sábado, foi diferente, na tarde quente com o palco virado ao sol o Grupo Musical Amoreirense lá fez o sacrifício de cantar umas modas alentejanas na torreira do calor e os Saramagos de Garvão igual, é um pesadelo e uma tortura o palco ser colocado daquela forma para ser utilizado durante o dia com o sol de frente. Tem de se pensar em mudar o palco para outro lugar se quiserem continuar a exibir espectáculos musicais pelas tardes da feira.
Os Trio Odemira, grande atracção da feira deste ano, continuam a viver no imaginário de todas aquelas pessoas na faixa etária para lá dos cinquenta, e realmente foi uma enchente de público para ver os veneráveis senhores artistas a cantarem os maiores êxitos da longa carreira composto com uma pitadinha de humor dado que ainda contavam anedotas nos intervalos entre canções. Hilariante!!
Novamente igual, acabam os Trio Odemira e todo aquele mar de gente desaparece sem deixar rasto, neste caso rasto de consumirem algo nos diversos bares, nada, nicles, zero…… e novamente colocam uma acordeonista em palco para dar inicio a um baile que ainda foi mais paupérrimo que na noite anterior, horrível e decadente. Para fechar a noite, e reparem bem nisto, a organização contrata um DJ para martelar os ouvidos ao pessoal fora de horas, é de um extremo ao outro esta organização.
Na minha modesta opinião, e aqui em Colos quem tem opinião costuma ser colocado de parte, não é incompatível ter uma feira, “rural”, como a organização tanto quer, e fazer espectáculos musicais dignos desse nome, com bandas a sério e que façam nome e arrastem as pessoas até à Feira, que consumam cervejas e comida, e que dêem animação e colorido á feira, será sempre uma mais valia. Com o mesmo cache que os Trio Odemira levaram por este espectáculo em Colos existem diversas e inúmeras outras bandas e artistas que trazem um outro tipo de publico á feira. Ao menos público que fique mais um pouco depois do espectáculo acabar.
Mais uma vez o vou repetir, nada tenho contra os Trio Odemira, e até acompanhei o espectáculo dos veneráveis senhores com atenção, mas num evento de 3 dias, é natural que exista espaço para uma noite mais jovem, afinal o futuro são os jovens, o futuro da Feira de S.João são os jovens de hoje, nós todos amanhã seremos uns sacanas de uns velhos ao pé deles e ainda nos irão odiar porque neste tempo não tiveram as noites jovens na Feira de S.João.
O Domingo despertou quente, demasiado quente, o último dia da feira iniciava com o Passeio de Cavalos, mas novamente algo não corria bem, repetiu-se o erro do ano passado, um passeio de cavalos com início marcado para as 9:00 horas não pode ser atrasado daquela forma e apenas começar já perto das 12.00 horas, é inconcebível e o calor já se fazia sentir de forma abrasadora para cavaleiros e cavalos.
Como se isto não chegasse, ao que tudo indica, e eu nem conheço o programa próprio do passeio, nos sítios onde pararam para comer e beber alguma coisa deixaram algum lixo espalhado, penso que fica um bocado mal, irem para as herdades dos outros, sem avisarem os donos, passearem a cavalo, com o apoio da Junta de Freguesia, com carro de apoio e tudo o resto e no fim ainda deixarem rasto de lixo......fica um bocado mal.
O dia continuou sem grandes novidades, muito calor, apetecia estar sentado e pouco mais, esperou-se pelo sim da tarde e novamente debaixo de um enorme calor com o sol de frente lá subiram ao palco o agrupamento musical Violas Campaniças da Corte Malhão para apanharem mais um escaldão.
Mas o pior estava para vir no fim, a Tourada Alentejana correu mal, registando-se um ferido grave, tendo tido de ser evacuado de Helicóptero. Ora este tipo de espectáculos taurinos, habituais por esse Alentejo fora, na minha opinião são completamente desnecessários em festas deste tipo, ao final do dia, quando já está tudo alcoolizado. É certo que só para lá vai quem quer, mas se não tivesse lugar este tipo de espectáculos os acidentes não aconteciam e a festa não tinha acabado estragada.
Uma chamada de atenção aqui para um bando de desordeiros organizados vindos dos lados norte da Freguesia com o intuito de armar confusão, situação que já se verificou mais vezes e sempre com os mesmos intervenientes.
Estes indivíduos, depois do trágico e lamentável acontecimento, trataram de armar a maior desordem e lançar o pânico entre as pessoas já de si chocadas e assustadas com o que se tinha passado anteriormente.
Faltaram ao respeito ás autoridades e provavelmente o melhor calmante para este tipo de gente seria uma noite no calabouço.
Para que se perceba, segundo estas pessoas, na próxima edição da feira, a organização terá de ter em permanência, obrigatóriamente, uma ambulância do INEM com suporte de vida, uma VMER com médico e enfermeiro, um hospital de campanha equipado com sala de cirurgia e um helicóptero de prevenção para qualquer emergência que possa, lamentavelmente, surgir.
Deixando a palhaçada e resumindo, a edição 2013 da Feira de S.João em Colos teve de facto evoluções, mas continuaram algumas coisas, simples, por resolver ou colmatar:
O problema das casas de banho por exemplo, como é possível que apenas exista uma casa de banho pública para um evento desta dimensão e com esta afluência de público? É uma vergonha. Será que a organização sabe que existem alternativas, por exemplo, contentores casa de banho, grandes e com muito espaço, e que podia ficar concentrada apenas num local. Ou então diversas casas de banho portáteis que poderiam ficar espalhadas por todo o recinto da feira, são duas alternativas válidas e melhores do que a existente.
Outro problema são os balneários públicos, porque existe muitas pessoas, feirantes e expositores, que ficam aqui os 3 dias da feira e necessitam de um espaço para poderem tomar seu banho e trocar de roupa, e este até é um dos problemas mais simples de resolver porque os balneários já existentes junto ao recinto da feira poderiam bem ser reactivados para esse serviço público.
Para fechar o postal vou falar do tema dos bares de novo, e gostava de perguntar aos senhores da organização se, por acaso, hipoteticamente, todos os cafés de Colos quisessem um bar na feira? Ou todos os clubes da Freguesia? Ou outro tipo de casas comerciais? Ou pessoas individuais? Qual é o critério para a atribuição das bares na Feira?
Uma coisa, por exemplo, é ter a Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Colos, que tinha o seu bar, a pagar para ter dos trampolins e um insuflável para que a criançada pudesse brincar e saltar os dias inteiros, e para isso pagar, e pagar bem pela instalação dessas diversões, e outra coisa é ter o resto dos bares apenas a facturar sem muito mais despesas e sem fazerem nada pela feira ou para a feira.
Penso que será uma das grandes questões para a edição 2014, o critério de atribuição dos bares da feira. A questão será dar e receber, o tempo das borlas tem de passar, a organização tem de pensar em formas de ganhar dinheiro ou então formas de animar a feira durante os períodos mortos. Não sei como vai ser para o próximo ano, mas creio que esta questão da atribuição dos bares e o seu critério, e a parte musical, será fundamental para o sucesso da próxima edição.