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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Apresentação do Livro "Contos Alentejanos, Cozendo o Pão, Costurando a Vida" de Maria Vitória Afonso

Decorreu na nossa Vila de Colos, dia 19 de Janeiro, a apresentação do livro "Contos Alentejanos, Cozendo o Pão, Costurando a Vida" da autora colense Maria Vitória Afonso.
Foi com muito prazer e admiração que estive presente neste acontecimento, o qual, infelizmente, não teve a participação e adesão que se desejava por parte dos colenses, talvez por falta de mais divulgação e também por acontecimentos paralelos que desviaram algumas das pessoas que habitualmente estariam presentes. Contudo, é com tristeza que verifico a falta de sensibilidade dos colenses para este tipo de acontecimentos culturais, não reconhecendo de imediato a importância para a divulgação cultural e visibilidade que isto tem para a nossa terra.
É para mim muito confuso ver um livro, e permita-me a autora o atrevimento de dizer que este é um livro principalmente focado sobre Colos, de uma autora natural de Colos, e ter menos assitência na sua apresentação em Colos do que teve noutros locais, por exemplo, na Amora (Seixal), onde como podem ver teve casa cheia.
A apresentação na Vila de Colos decorreu no salão de festas da Junta de Freguesia, pelas 15:00 horas e teve a presença de algumas individualidades do nosso concelho, e muitos amigos e admiradores da autora.
Assim, na cerimónia, que teve como condutora a Profª. Mariana Mareco, estiveram presentes e usaram da palavra o presidente da Câmara Municipal de Odemira, José Alberto Guerreiro, o presidente da Junta de Freguesia de Colos, Manuel Penedo, o cantor Francisco Naia, o Dr. Eduardo Raposo, destacado dirigente do CEDA (Centro de  Estudos Documentais do Alentejo), o presidente da casa do Educador do Seixal, Prof. Tomás Bento, o editor do livro, Fernando Mão de Ferro, para além, claro, da autora que a todos agradeceu, emocionada, as palavras de carinho e admiração pela sua obra e vida literária.
A cerimónia prosseguiu com a intervenção do cantor Francisco Naia, que a todos encantou com a sua magnifica voz a cantar temas do seu ultimo trabalho discográfico, e que por ultimo homenageou a autora cantado, de improviso, dois poemas do seu anterior livro "Contos e Vivências do Sudoeste Alentejano".
Por fim, porque estamos no Alentejo, e como não podia deixar de ser, todos foram brindados com um repasto onde estiveram presentes os mais diversos sabores alentejanos.

Na minha modesta opinião, Maria Vitória Afonso vem com mais esta obra reforçar a qualidade de acérrima defensora e divulgadora da tradição, cultura e saberes tradicionais alentejanos, nomeadamente no que à Vila de Colos diz respeito e à região do Sudoeste Alentejano onde estamos inseridos.
Este livro, que acaba por ser uma continuação, para melhor, da obra anterior da autora, e encerra em si um universo alentejano em vias de extinção e practicamente desconhecido para as novas gerações, que se torna urgente reunir e preservar, e transforma as obras da autora uma referência na divulgação das tradições e vivências da nossa terra, em linha, por exemplo, com o livro de António Machado Guerreiro, "Colos, Alentejo, Elementos Monográficos", editado pela primeira vez nos anos 60 do século passado e reeditado depois, em 1987, pela Câmara Municipal de Odemira, e que continua a ser a principal referência literária e etnográfica sobre a Vila de Colos publicada até aos nossos dias.

O Alentejo é a maior região de Portugal, mas também é a mais pobre, tradicionalmente fomos o celeiro do país, mas hoje com a destruição da agricultura pelos sucessivos governos da República Portuguesa, somos uma terra de quase fome, miséria e desemprego. Económicamente abandonados pelo poder central, despovoados pelas nossas gentes que procuram na emigração para a capital e o estrangeiro a única forma de viver com dignidade, o Alentejo tornou-se num verdadeiro deserto para os próprios Alentejanos, feridos no seu orgulho regional, na sua identidade cultural e na sua dignidade humana. Desde à séculos, com as mais violentas revoltas e ocupações até às mais recentes vagas de emigração, o povo do Alentejo tem uma longa história de sofrimento.
O Baixo Alentejo é, provavelmente, a região mais coesa e homogénia do território do Estado Português, talvez com a excepção do Algarve, e embora próximos, para além da saudável vizinhança, pouco ou nada temos a ver com o Algarve ou com qualquer outra região de Portugal.  Temos uma cultura própria, (na música, dança, arquitectura, literatura, gastronomia, etc.), falamos no nosso quotidiano do dia a dia uma variação própria da língua portuguesa, temos uma mundividência própria, temos problemas próprios e temos sem dúvida uma identidade única.
Contudo, somos e temos orgulho em ser portugueses, contribuímos para a rica diversidade cultural do nosso país.
Mas o Alentejo não é só "paisagem", como já referi antes, queremos que o Alentejo seja uma região desenvolvida e de progresso, e não apenas com um povo hospitaleiro, somos Alentejanos e temos orgulho em sê-lo, amamos a terra onde nascemos e onde nasceram os nossos pais, temos uma identidade muito forte e uma cultura muito própria, que necessita de ser preservada e divulgada como legado ás novas gerações, numa continuidade sustentada para evitar ainda mais a extinção cultural e tradicional que temos vindo a ser alvo nas últimas décadas.

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