A edição 2012 da feira voltou a ter o formato do ano anterior. Com duas zonas distintas, a zona da feira tradicional, com os feirantes de todo o tipo a utilizarem os terrenos do campo de futebol que todavia não foi totalmente preenchido, o que dá uma certa pena porque nas edições antigas da feira na saudosa Eira da Lagoa todos tinham os seus lugares certos de ano para ano e o espaço da Eira enchia assim como as ruas circundantes e até mesmo a própria estrada nacional 389 que atravessa Colos, era assim a feira antiga, que por mais “engraçada” e pitoresca que fosse era incomportável nos dias actuais e totalmente desfasada da realidade apenas servindo para criar conflitos desnecessários entre moradores e feirantes, GNR e demais intervenientes.
Seja como for, o espaço da saudosa Eira da Lagoa foi totalmente arrasado, qual furacão ou tsunami que por ali tenha passado e neste momento não serve absolutamente para nada, é caso para dizer: que saudades da feira na Eira…
Este ano já sob a batuta de uma associação denominada Colos XXI - Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Colos, a feira melhorou, aparentemente estava melhor organizada, mas no fundo o formato foi o mesmo e até a disposição das diversas tendas, pavilhões e palco foi muito idêntica, embora para melhor.
O espaço para o gado em geral ficou exactamente no mesmo local e tinha excelentes condições para a exposição dos animais, havia desde as cabras anãs até aos enormes bois, passando por lindos cavalos, ovelhas de raças autóctones, cabras, vacas, etc… excelente e muito bem organizado.
O palco foi colocado a oeste, e num plano superior, mas ficou voltado ao sol, e se era bom para o público em geral, era péssimo para os diversos agrupamentos, bandas e cantores que actuaram no decorrer do dia, voltados que tinham de estar ao sol escaldante, porque de noite não fazia diferença e foi bem colocado em relação ao recinto e restantes stands e tasquinhas.
No formato 2012 foram utilizadas 5 barracas de venda de cerveja, daquelas todas em ferro e desarmáveis, cada uma entregue a uma organização ou instituição diferentes, assim, começando por baixo logo a partir da entrada tínhamos a barraca da Cruz Vermelha, seguindo-se a novíssima associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de Colos, depois a SRC (Sociedade Recreativa Colense), Clube de caçadores “Os Fixes” e por fim mas não menos importantes o Agrupamento de Escuteiros que era quem ficava mais perto do palco sem que isso trouxesse algum beneficio ou prejuízo, aliás, a meu ver, pessoalmente, penso que a disposição das barracas estava óptima, todas alinhadas e com campo suficiente na frente para mesas e cadeiras, e atrás para cozinhas improvisadas. Na frente ainda de salientar a sombra artificial que foi erguida graças á utilização de redes de sombra e ao espaço comum de mesas e cadeiras, cada qual bebia e sentava-se onde queria sem problemas numa salutar e animada forma de estar em convívio.
Ao lado da tenda do artesanato em espaço de um restaurante local foi criado mas não teve o mesmo sucesso que as cinco barracas alinhadas, vá-se lá saber porquê….
Falando agora na tenda dedicada ao artesanato, este ano foi aumentada um módulo, ou seja a tenda era a mesma com mais alguns metros de comprimentos, nada de muito inovador para uma feira que se queria mais concorrida este ano e que tinha mais gente a querer expor, pessoalmente penso que outra solução devia ter sido encontrada e os expositores melhor escolhidos, porque existia ali muita coisa que não era artesanato nem produto reginal e os espaços era exíguos para tudo tendo que se recorrer ao corredor central para improvisar alguns expositores.
Para alem disto, com o calor que se fez sentir por estes dias a tenda era como uma estufa, muito quente, demasiado quente, o que tudo indica que no próximo ano este formato será abandonado e alguma novidade aparecerá, que seja para melhor, assim espero.
O pó que levanta do chão é outro problema, por mais que se tenha regado e encharcado o terreno com água nos dias antes o pó teima em aparecer, deviam pensar numa solução mais duradoira.
A noite do dia 22, noite da Inauguração “oficial” da feira, já esteve muita gente, especialmente os habitantes locais, já havia baile com uma acordeonista e a coisa prometia aquecer como prenúncio dos próximos dias, apenas a fogueira de S.João este ano ficou aquém das expectativas, uma falta de coordenação entre algumas pessoa levou a que não houvesse rasmono em quantidade suficiente para queimar e fazer uma digna fogueira, mesmo assim ainda deu para alguma crianças poderem efectuar o tradicional “saltar da fogueira”, será outra situação a rever no próximo ano, apanhar rasmono em quantidade suficiente para a fogueira ser digna desse nome e manter uma tradição recuperada no ano passado com sucesso.
O dia 23, Sábado, todos sabiam, que provavelmente, seria o melhor dia da feira, ou antes, a melhor noite, embora as atracções musicais não fossem as mais apelativas isso foi o que menos importou, um mar de gente rumou a Colos, muita gente de fora, dos arredores, gente que nunca tinha visto, gente veio para a diversão e para a festa, para o convívio, e tê-lo num ambiente fantástico de mistura de álcool com muita diversão e amizade, encontros e desencontros, namoros e convívios, tertúlias e lembranças de outros anos passados, outros tempos, outras feiras, senti alguma nostalgia pela saudosa Eira da Lagoa nas noites de 23 de Junho, da animação nocturna dos feirantes que afinal já todos conhecíamos de ano a ano, do corrupio de pessoas para baixo e para cima na estrada nacional, era assim a feira antigamente, feita na estrada, na Eira e arredores, muitas saudades, especialmente depois de ver no dia 24 o espaço do campo de futebol, reservado para a feira tradicional dos feirantes, estar quase “ás moscas”, com mais de metade do recinto por preencher, e também senti uma enorme saudade das diversões como os carrosséis, os aviões ou os carinhos de choque, enfim, coisas da minha infância que apenas a morte apagará.
Uma grande chamada de atenção para a comida, não havia comida na feira suficiente, começou a notar-se isso no dia 23, Sábado, pela manhã alguns mais atentos começaram a notar que não se viam acesos os tradicionais fogareiros para os grelhados, especialmente os frangos assados, comida muito apreciada em feiras desde género.
Pessoalmente penso que todos pensaram que os outros faziam e não trataram de nada, ou então pensarem que a presença do restaurante ia bastar, nada de mais errado, em meu entender todas as organizações que tinham barracas montadas tinham condições para ter efectuado grelhados, nem só de cerveja vive o homem. O Clube de caçadores “Os Fixes” logrou conseguir, mesmo na hora, arranjar frangos e fazer alguns almoços, e a Cruz Vermelha também os tinha, mas foi notoriamente insuficiente e uma grande lacuna da edição desde ano, a rever no próximo ano e talvez em moldes diferentes.
O restaurante local na feira continuou a não ter clientela, começa a ser quase um mistério este facto….
O dia 23 tinha ainda englobado no programa da feira um passeio de cavalos e carros atrelados da exclusiva organização da SRC e que este ano, embora com menos participantes que a edição do ano passado, contou com cerca de 40 cavalos e cavaleiros e respectivas comitivas, o que é considerável e também atraiu muita gente que de outra forma estaria alheia à festa.
Nota negativa para a tardia partida do passeio, a mais de meio da manhã, com os cavaleiros e montadas já com muito calor a desesperarem com o atraso.
O dia seguiu e logo no inicio da tarde um colóquio no salão da Junta de Freguesia com a temática focada no Matadouro do Litoral Alentejano e a Pecuária no Concelho de Odemira.
Muito interessante, intervieram o actual responsável pelo matadouro, Ricardo Silva, que explicou todo o processo de projecto e construção da unidade assim como o porquê da localização e outros temas relacionados como por exemplo a quem se destina e o que pretendem para o futuro, com direito a sessão de perguntas e respostas mas onde intervieram menos pessoas do que se esperava, aliás, penso mesmo que não estavam ali as pessoas que deveriam estar, os verdadeiros interessados e potenciais clientes do matadouro faltaram, na minha opinião.
Rita Silva interviu depois, onde, com a ajuda de uma apresentação visualizada, explicou, de uma forma bastante interessante e objectiva, todo o processo de funcionamento do matadouro e processo de abate desde a chegada dos animais à unidade até á saída das carcaças de carne para os talhos e diversos destinatários.
Um reparo para a organização do almoço e colóquio, havia uma mistura de pessoas do almoço do passeio dos cavalos com as pessoas que realmente estavam ali pelo colóquio do matadouro que não foi acautelada e não deveria ter acontecido.
De qualquer maneira, pessoalmente, foi bastante interessante escutar toda a temática em redor do matadouro, uma mais valia na região.
Ainda no dia 23, já ao final da tarde, eis que surge um palco uma “atracção” de ultima hora, sem estar planeado um grupo musical de jovens conseguiu uma pequena abertura nos horários dos espectáculos para dar uma pequena actuação, eles são uma banda intitulada 21st Century e são constituídos por 4 jovens, duas raparigas e 2 rapazes, um deles nosso conterrâneo, o guitarrista Zé Pedro, todos com idades a rondar os 14 ou 15 anos.
Nada de novo até aqui, só que a forma irreverente dos jovens na sua abordagem ao que iam tocar, aliado ao facto de algum publico estar farto de “pimbalhadas” levou a que os 30 minutos concedidos a estes jovens se transformasse em cerca de uma hora e não foi mais porque infelizmente tínhamos gente de fora a mandar na festa da nossa terra.
Este grupo, para alem de dois originais, tocaram covers de Xutos & Pontapés, U2, GNR, etc….como é bom de ver a animação foi garantida, tiveram logo o mérito de aproximar pessoas o palco o que ainda não tinha acontecido até aquela altura e colocar essas pessoas a saltar e a dançar, a vibrar com a musica, para mais tocam bem, afinados e a vocalista é fantástica na forma de estar e actuar, para alem do “nosso” Zé Pedro, que para excelente pianista que é toca guitarra que se farta, um abraço para vocês todos e continuem a sonhar e a tocar sempre assim, ficaram nas nossas memórias, na minha pelo menos ficaram e fiquei muito curioso e vê-los actuar de novo um dia qualquer destes
Os responsáveis pela Associação Colos XXI deviam colocar ali os olhos e pensar um pouco no que será melhor para o próximo ano, não obstante esta não ser uma feira de musica e muito menos um festival de musica, a animação faz parte da festa, e as escolhas feitas contribuem em muito para os sucessos actuais e futuros.
Uma boa escolha entre o que é local e tradicional e o que é actual e agrada aos mais jovens deve ser feita, aliando o popular ao moderno, o velho ao antigo, numa mistura para todos os gostos, este será o cartaz ideal no futuro.
O dia 24 amanheceu ressacado, o normal depois de uma grande noite de farra, via-se na cara dos que iam aparecendo e outros que nem se deitaram, qual zombies a vaguear, mas o importante é que tinha corrido tudo bem na noite maior e mais animada, as ressacas, essas vão e vêem, tudo passa e fica a memória de mais uma noite especial na vida de cada um.
Para mais tarde recordar….
O dia seguiu, afinal era o dia principal da feira, o dia de S. João, que logo este ano calhou num Domingo, o que no passado queria dizer feira grande e rija.
A tarde do dia 24 acabou com uma tradicional garraiada alentejana, com 4 vacas bravas e alguns “malucos” a darem muita animação ao muito público presente por essa altura no recinto, muito bom, embora eu pense que o espaço não seja o mais indicado para aquele tipo de espectáculos, havia os terrenos mais abaixo que talvez fossem mais indicados e menos perigosos, afinal estamos a falar de animais bravos e que podem ferir alguém ou causar estragos se alguma coisa correr menos bem, e todo o cuidado é pouco.
Penso que a associação promotora Colos XXI estará a preparar a mudança da data da Feira a partir de agora e no futuro sempre para um final de semana fixo, talvez o 3º ou 4º final de semana de Junho de todos os anos, situação que sempre defendi desde há muitos anos como forma de revitalização da feira que nos dias de semana era muito pobre e pouco animada.
Alguns Problemas identificados
Cartazes e divulgação: É uma vergonha que uma feira que se quer de grande importância e relevo não tenha escolhido uma boa gráfica para mandar efectuar os cartazes de divulgação com os diversos programas por dia e publicidade.
Na minha opinião os cartazes foram efectuados num formato obsoleto e pesado, nada agradável à vista nem apelativos a quem olha.
A publicidade era muita e diversificada, mas nem sempre o que estava publicado correspondia ao que o anunciante tinha indicado para efectuar, como foi o meu próprio caso, e de outros também.
Para além disso, e como se não bastasse, gralhas e enganos acumularam-se, como a troca da data do passeio dos cavalos e a divulgação de actividades e espectáculos que não sucederam, como a tão falada e anunciada Demonstracção da Secção de Cinótecnia da GNR e do Teatro de Rua de S.Teotóneo.
Os cães da GNR, nem vê-los, e o Teatro de S.Teotóneo, ao que tudo indica, não quis actuar por falta de condições no terreno. A rever a sério no próximo ano.
O Lixo: Junto ás barracas de venda de cervejas, e não só, acumulou-se realmente muito lixo e não houve, aparentemente, maneira de se livrarem dos muitos sacos cheios de lixo, penso que é caso a rever no próximo ano
O Pó: Num recinto de terra batida, palha, restolho, o pó é inevitável com a presença de inúmeras pessoas como foi este caso, penso que existem soluções, já foram testadas em outros eventos e em outros lugares, é uma questão da organização pensar e informar-se para uma melhor apresentação do espaço por onde circulam os visitantes e também por uma questão de higiene.
Os estacionamentos e o trânsito: Na minha opinião deveria proibir-se os estacionamentos do recinto da feira para cima até á vila em toda a sua extensão e nos dois sentidos, e apenas deixar estacionar para a parte de baixo do recinto da feira que é onde estão, e foram criados para isso, os sítios para estacionamento de automóveis, e existe espaço suficiente para todos, sem problemas. Com isto evitava-se situações como as que aconteceram por diversas vezes com varias viaturas a quererem percorrer a rua de acesso á feira nos dois sentidos e por causa dos automóveis estacionados o trânsito ficava completamente parado com situações desagradáveis.
A Comida: Penso que a organização deve acautelar a necessidade de todos quererem comer alguma coisa numa festa deste tipo, seja frangos ou bifanas, etc,... como? De diversas maneiras possíveis:
- Falando previamente com as organizações a quem entrega os espaços para as barracas de venda de cerveja para que tenham também comida.
- Dando a explorar mais restaurantes ou apenas um negócio de comida a alguém ou diversos interessados
- Explorando a própria organização um espaço criando propositadamente para a venda de almoços, jantares e petiscos no decorrer de todos os dias de feira.
Placas identificadoras diversas: Amigos da organização, a feira precisa de estar melhor identificada, com placas de indicação e direcção, placas de estacionamento, etc… pelo que sei as placas até existiam, mas não foram colocadas, como por exemplo as de estacionamento.
Sombras: Com o tempo quente como estava e o sol de frente o dia 24 foi assim um bocado horrível para quem tinha de actuar em palco ou para quem queria assistir no recinto, ás tantas estava tudo junto, demasiado junto debaixo das sombras das barracas de cerveja, ocupando todas as cadeiras e mesas, não deixando espaço para nada.
Penso que isso pode ser evitado com a distribuição de mais redes de sombra pelo recinto e em outros lugares que não apenas junto ás mesas e cadeiras das barracas de cerveja, em redor do palco e em dedor do recindo principal podia ter-se efectuado um corredor de sombra com cadeiras e bancos para todos os que queriam ver os espectáculos sentados sem prejudicar o pessoal das cervejas do outro lado.
Não me vou alongar mais, esta é a minha própria opinião sobre a edição 2012 da Feira de S.João, mais uma vez assumo o que escrevo e as opiniões expressadas são da minha inteira responsabilidade.
Até para o ano e obrigado pela visita!
Obrigado
Fernando Martinho
De seguida vou mostrar algumas fotos de minha autoria, da edição deste ano da Feira de S.João 2012, não serão muitas fotos para não encher o espaço, no entanto tenho bastantes fotos do certame.
Alguém que queira fotos eu terei todo o gosto em oferecer, basta que para isso me peçam.